segunda-feira, 10 de maio de 2010
"A curto prazo, a indústria musical é caos e anarquia", diz criador do "American Idol"
Simon Fuller, o criador do programa "American Idol," atingiu um marco musical digital nesta segunda-feira (10) e disse que procura a próxima grande novidade no entretenimento global na internet e outras plataformas digitais.
Em um momento de crise na indústria da música gravada, o catálogo de cantores de Fuller --que inclui as vencedoras do "Idol" Kelly Clarkson e Carrie Underwood, a cantora britânica Annie Lennox e a banda Spice Girls-- já vendeu 160 milhões de canções no iTunes, informou sua empresa de gerenciamento de artistas 19 Entertainment.
Fred Bronson, da Billboard, qualificou de "histórico" o marco de 160 milhões de canções vendidas por Fuller no iTunes, em uma década marcada pela queda das vendas de álbuns físicos e a ascensão das vendas digitais, mais baratas. "Fuller é sem dúvida o maior administrador da era digital", disse Bronson.
O empreendedor britânico formou uma parceria de "American Idol" com iTunes quando a loja de música da Apple foi lançada, em 2003, compreendendo seu potencial de capitalizar sobre o sucesso do concurso de cantores na TV e sobre as dezenas de milhões de fãs que acompanham o programa semanalmente.
"Senti que existia uma sinergia real entre o que eu faço, que é lançar novos artistas e programas de TV, e o que a iTunes faz, que é vender música de maneira imediata e interativa", disse Fuller à Reuters.
De acordo com o grupo IFPI, representativo da indústria gravadora mundial, as vendas físicas de música tiveram queda global de 12,7% em 2009, enquanto as vendas digitais subiram 9,2%, para 4,3 bilhões de dólares --mais de dez vezes o valor do mercado musical digital em 2004.
Pensando globalmente
Fuller, que completa 50 anos em junho, disse que a velocidade das transformações provocou choque na indústria musical, mas expressou esperanças para o futuro. "O futuro vai girar em torno da convivência entre os mundos digital e físico", disse ele à Reuters.
"Acho que a música ficará muito bem no longo prazo. Mas no curto prazo, como estamos vendo, tudo é caos e anarquia. Precisamos reinventar aquela interação entre o consumidor e o conteúdo que criamos, na música, na televisão e no cinema".
Lucian Grainge, presidente do Universal Music Group International, disse que a distribuição digital se enquadra bem com a estratégia de entretenimento global de Fuller. "As plataformas digitais atuais para a venda de música e para chegar aos consumidores em todo o mundo significam simplesmente que o mundo pertence a gente como Simon", disse Grainge à Reuters.
Steve Knopper, autor do livro de 2009 "Appetite for Self-Destruction: The Spectacular Crash of the Record Industry in the Digital Age" (em português, "Sede de Autodestruição - A Queda Espetacular da Indústria de Discos na Era Digital"), disse que, embora as vendas de álbuns tradicionais estejam caindo, a música se encontra em boa forma.
"As coisas que 'American Idol' vem fazendo e a maneira como Simon Fuller vem vendendo a franquia digitalmente e de outros modos indica que a música pop está muito forte neste momento", disse Knopper. "Eles já estão cumprindo uma função importante para as gravadoras, ao apresentar a música pop ao público de maneira maciça."
Para o futuro, Fuller está apostando em entretenimento global baseado na internet. Em março ele lançou seu projeto de TV-realidade multimídia e interativo "If I Can Dream", que acompanha um grupo de candidatos a cantores, dançarinos e atores que vivem juntos em uma casa ao estilo de "Big Brother" enquanto tentam encontrar uma maneira de penetrar em Hollywood.
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