Talvez a noite mais previsível dos últimos tempos do Globo de Ouro, a premiação da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA). Apresentada pelo criador da série The Office, Ricky Gervais, a cerimônia da 68ª edição, que aconteceu em Los Angeles, neste domingo (16) e exibido no mesmo dia e madrugada de segunda (17) no Brasil, consagrou A Rede Social, de David Fincher, na categoria Cinema e a série Glee, de Ryan Murphy, na categoria Televisão, com quatro e três, respectivamente.
A grande injustiça da noite foi com o filme A Origem, de Christopher Nolan, sucesso de crítica e público e motivo de discussão em várias mesas de cinéfilos, que não levou prêmio algum. O Discurso do Rei, líder de indicações, foi quase ignorado, não fosse o prêmio de Melhor Ator de Drama para Colin Firth, que, segundo a crítica especializada, está ótimo, mas merecia mais pela indicação do ano anterior (Direito de Amar, o "filme do estilista Tom Ford").
Mas não foram apenas injustiças. Natalie Portman, de longe a melhor atuação entre as indicadas, ganhou a estatueta de Melhor Atriz de Drama por Cisne Negro. Seu discurso foi, também, um dos melhores da noite. Grávida do coreógrafo que conheceu no set do filme, ela foi ao palco e agradeceu toda a equipe, engrandeceu o trabalho dos seus colegas de elenco e elogiou muito o diretor Darren Aronofsky, que também foi ignorado na premiação (porque a Academia julgava o filme "dark demais"). Ela revelou que conversou por 10 anos sobre o filme com ele.
Para o prêmio de Melhor Animação, foi escolhido Toy Story 3, considerado um dos melhores filmes de 2010, que deve ganhar inclusive uma indicação a Melhor Filme, fora a de Animação, no Oscar 2011. Outro momento único foi o prêmio Cecil B. DeMille para Robert De Niro (O Poderoso Chefão 2, Taxi Driver, Cabo do Medo, Os Bons Companheiros) pelo conjunto da obra. Com seu humor impagável, ele foi ao palco e de cara tirou onda com Matt Damon, que lhe entregou a estatueta: "adorei sua atuação em O Vencedor".
Na vergonhosa categoria Melhor Filme de Comédia ou Musical, se deu bem Minhas Mães e Meu Pai. Não era pra menos, já que concorria com os fiascos Alice no País das Maravilhas, O Turista e Burlesque. Valeu também pelo prêmio à Annette Bening, de Melhor Atriz de Comédia ou Musical, que concorria com as ótimas Julianne Moore, pelo mesmo filme, e Emma Stone, por A Mentira.
Entre as surpresas, estão o prêmio de Melhor Ator em Comédia ou Musical para Paul Giamatti (positiva) e Melhor Filme Estrangeiro para o dinamarquês Em Um Mundo Melhor, de Susanne Bier (positiva), quando esperavam que ganhasse Biutiful, de Alejandro González Iñárritú (21 Gramas e Babel).
Televisão
Glee, chamada de "cult" pelo crítico Rubens Ewald Filho, foi a grande vencedora, porque levou três prêmios: Melhor Série de Comédia ou Musical, Melhor Atriz de Comédia ou Musical (Jane Lynch) e, a surpresa, Melhor Ator Coadjuvante para Chris Colfer, o Kurt Hummel. Ao receber a notícia, o jovem ator ficou emocionado e levou um tempo para acreditar que era o vencedor, já que esperavam que o prêmio fosse para Eric Stonestreet (Modern Family).
Outra grande vencedora foi a série produzida por Martin Scorsese, Boardwalk Empire. Levou os prêmios de Melhor Série Dramática e Melhor Ator de Drama, para o excelente Steve Buscemi (Mundo Cão e Família Soprano) como o mafioso impagável Enoch "Nucky" Thompson. A HBO, que produz a série, foi presenteada com outros troféus: Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme (Claire Danes, por Temple Grandin) e Melhor Ator em Minissérie ou Telefilme (Al Pacino, por You Don't Know Jack) a que se deu melhor, já que outras.
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