quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Skank mapeia 20 anos de banda em DVD gravado no Mineirão


São quase 20 anos na estrada, uma discografia de sucessos, grandes festivais no currículo e um público de 50 mil pessoas só deles. O que mais o Skank quer fazer que ainda não tenha feito? "Neste momento não penso muito além. Se bem que a Ivete Sangalo está abrindo outras possibilidades", brinca Samuel Rosa, referindo-se ao show que a baiana gravou no último sábado (4) em Nova York. "Mas ouvi dizer que lá foram só 15 mil pessoas, então vamos continuar com o que é nosso", ele ri, e agora falando sobre o novo trunfo da banda, o registro "Multishow ao Vivo - Skank no Mineirão".

Este terceiro trabalho ao vivo do grupo será exibido no próximo domingo (12), às 22h30, no canal Multishow. Depois disso, o registro ganha formato em CD, DVD e Blu-ray. É lá que os admiradores da cidade de Belo Horizonte encontrarão a capital mineira em preto e branco, ao som de Dick Dale (que não está tocando "Misirlou"), nos anos 40 introduzindo o DVD. E testemunharão um Samuel Rosa perplexo dizendo frente a uma multidão de fãs: "Não há nada que a gente possa comparar, em nossa carreira, com o que está acontecendo hoje".

O momento foi de euforia, mas o vocalista reafirma. "Foi a primeira vez que tocamos para um grande público só nosso. Então é, sim, diferente de tudo o que a gente já viveu e fez", diz ele por telefone, de sua casa em Belo Horizonte, ao UOL Música. "A conexão com a banda era tão grande e intensa que parecia um show para 500 pessoas, de tão próximo que eles estavam da gente. Não se trata apenas de um numero em si, mas sim da quantidade de pessoas aliadas à banda", diz Samuel, enquanto relembra aquela noite de 19 de junho no estádio Mineirão.

Para o baixista Lelo Zaneti --que no DVD aparece pulando durante quase todas as três horas de show-- o Skank vive o melhor momento para se fazer um apanhado da carreira da banda, que tem também o tecladista Henrique Portugal e o baterista Haroldo Ferretti. "Depois do 'Skank - MTV ao Vivo em Ouro Preto', de 2001, tivemos que contar uma outra história. Jogamos luz em alguns aniversários, como os 15 anos de lançamento de 'Calango'. E não poderia ser menos do que um CD duplo para falar disso tudo", conta ele, também por telefone, da capital mineira.

São 31 músicas no total: 21 delas saíram do roteiro do show (incluindo a inédita "Presença"), oito foram tiradas do bis e duas são novas gravadas em estúdio ("De Repente", reggae de Samuel Rosa e Nando Reis, e "Fotos na Estante", essa última sem registro ao vivo). Apesar das novidades, Lelo garante que ainda não é uma prévia de um próximo disco de inéditas. "Agora não temos como pensar nisso, seria muito precipitado, mas jogamos bastante energia nessas músicas", conta.

Do jeito que o fã gosta
O repertório é um acordo entre fãs e banda. De "Pacato Cidadão" e "Garota Nacional" às recentes "Ainda Gosto Dela" (com Negra Li, única participação no show) e "Sutilmente", foi o público quem deu as sugestões de suas músicas preferidas em uma enquete no site da banda, que recebeu mais de 400 mil votos, deixando para o grupo a função do polir as escolhas. "Tem músicas como 'Uma Canção É Pra Isso' que a gente acha legal, mas não teve uma votação expressiva. Em contrapartida, eles queriam coisas do 'Samba Poconé' (1996). Então é um disco para o fã do Skank", define Samuel.

Algumas dessas músicas --"Presença", "De Repente", "Uma Canção é Pra Isso" e "Vamos Fugir"-- foram tocadas para o público mais de uma vez, situação recorrente em gravações ao vivo. "A gente evitou ao máximo ficar repetindo música e rejeitamos qualquer ideia de tocar novamente logo em seguida. Isso é muito chato, o público vira uma claquete de auditório. É desrespeitoso ao público e à grandiosidade do momento", defende Samuel, lembrando que as repetições ficaram mesmo para o bis.

Por isso, quando a banda voltou para este bis, foi uma espécie de segundo show. "Foram três horas de Skank no palco. Quisemos brindar o público de Belo Horizonte que não está acostumado a ir ao Mineirão ver apenas uma banda. E a gente quis compensar o esforço deles de sair de casa e encarar uma multidão. Então resolvemos fazer um show maior", conta Samuel sobre a apresentação realizada na véspera do segundo jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo 2010 e que levou a plateia ao êxtase com a execução de "Uma Partida de Futebol".

O lançamento de "Multishow ao Vivo - Skank no Mineirão" marca também o início de uma nova turnê da banda. "Vamos ter um cenário específico, algo que traduza um pouco, em cada lugar, o que tivemos no estádio. As músicas também serão tiradas desse repertório. Vamos começar a turnê em Belo Horizonte, no dia 25, e em outubro vamos a São Paulo e Rio de Janeiro", adianta Lelo.

Enquanto isso, o Mineirão segue fechado até 2014, quando então será reaberto para a Copa do Mundo no Brasil, e com 50 mil fãs do Skank como última recordação. "Repetir uma coisa como essa vai ser muito difícil. De projetos grandiosos, acho que já é o suficiente. Talvez num futuro podemos partir para coisas com mais sutilezas, mais intimistas, e aí tem a possibilidade de um acústico que não temos, ou um projeto com outros artistas. Coisa para fazer sempre tem, mas neste momento queremos focar nesse trabalho. Vamos aproveitar essa maré boa", finaliza Samuel.

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